sexta-feira, 6 de abril de 2007

ESQUECIMENTO GLOBAL


Sempre reservado aos místicos, fanáticos religiosos, cineastas de ficção, charlatões, etc., agora o assunto “fim do mundo” ganha novo público: a totalidade da população humana. Com uma nova tônica, respeitosa e científica, o aquecimento da terra e as tragédias climáticas tornaram-se assunto cotidiano nos telejornais, botecos e praças.

Evidente que o assunto ainda encontra resistência na mente de muitos, especialmente daqueles que estão mais interessados em sua própria esfera egóica de acontecimentos. Indivíduos assim são facilmente identificáveis... seus assuntos sempre giram em torno de si mesmos: seus planos, carreiras, amores, desgostos e mazelas, etc.
A Persona Egocêntrica, em primeiro lugar, não pode ver o todo; em segundo, não lhe interessa.
Nessa época estranha, os homens são medidos por certificados. Tudo nessa vida possui um certificado, desde as vacinas até as honrarias. No entanto, quando o calor insuportável vem, quando a tragédia chega, ninguém tem uma explicação, nem entendimento, nem nada que solucione.
Saltitam as teorias, pululam as discussões, ninguém sabe como se sair bem, todos sofrem. A verdade, tantas vezes tratada como relativa, salta aos olhos, nua, absoluta.
Destruimos nosso planeta devido a inconsciência e maldade desmedida; para a orgia final, só faltam algumas bombas atômicas. (senhores da guerra, não leiam esse blog, "pelamor")

Estamos prestes a receber o certificado de que nosso planeta está se esvaindo. Quando isso acontecer, não estranharei de ver alguns doutores muito importantes garantindo isso na tv.
Nessa hora, até os mais tontos poderão dar crédito aos sinais que há muito tempo se fazem notar. Se der tempo, pode até virar assunto de alguma novela. Imaginei a abertura, com aquela locução tradicional e bossanova no fundo: "A PO CA LI PSE - pra esquentar suas noites"... Mas o fim não será rápido, acredito. (digo do mundo, não da novela.)

A humanidade adormeceu suas faculdades, percepções, sentidos. Se embruteceu assustadoramente. A inteligência humana está sendo aplicada de forma inconsciente e idiotizada, e a sensação que fica é que ninguém se importa tanto assim.
Cada vez mais individualista e imediatista, percebo a sociedade ruir em falsos códigos, falsas morais, falsa ciência, falsa religião, tudo com um quê de estranheza, caduquices que não podemos compreender, nem deveríamos aceitar.
A pureza de coração soa idiota, a simplicidade e a verdade são raras, e tudo que enalteça o ego, a vitória sobre os outros, a satisfação imediata, vende bem e está certo.

Quem não destruir o egoísmo em si mesmo, quem não revolucionar sua própria consciência e abrir-se logo para esses assuntos, nem ao menos compreenderá o que está acontecendo. Espero que essa dor que vem, que já atinge a tantos, sirva para acordar, sirva para que coloquemos algum sentido nessa existência, para que recordemos a essência de tudo, recordemos de nós mesmos, da origem, do que temos que fazer.
Mudar é preciso, e isso só é possível intimamente. Mudemos dentro, que fora “vai se embora”.

Hoje é uma sexta feira santa, na cultura dos cristãos. Na tv assisti ovos ornamentados, “novidades” futebolísticas, crises políticas e tsunamis, e pensei em escrever sobre “bem além da estrela azul”, nossa primeira música que tocou na rádio, lá na terra onde nasce o sol. Mas em vez de abrir um editor de texto, abri um editor de imagens, para pensar...

Tenhamos força e consciência para passar por essa revolução que vem.
Um grande abraço e uma boa páscoa pra todos, com meditação, renovação do ânimo e até um chocolate! Rodrigo.

“...nunca
o egoísmo,
pai de toda dor
escureceu
tanto assim a nossa casa
mas a verdade é assim...
terrivelmente incrível...”

5 comentários:

Anônimo disse...

Nem sei o que dizer. Certas coisas me deixam tão aborrecida que sinto vontade de gritar, pra ver se alguém me responde o porquê. Parece que quanto mais se fala no assunto, menos as pessoas entendem. Ou menos se importam. Países se "unem", conversam, discutem, e chegam a conclusão alguma. Protocolos, leis, planos. Tudo isso vira balela nas mãos de quem realmente DECIDE a vida de 6,5 bilhões de almas. E a gente aqui, só pensando no que vai ser.

"A Persona Egocêntrica, em primeiro lugar, não pode ver o todo; em segundo, não lhe interessa."

É isso. INfelizmente. =[

Anônimo disse...

É assustador abrir os olhos de manhã, olhar pra dentro de mim mesma e ver a confusão lá de fora refletida no meu coração...
Toda essa perdição, toda essa massificação. Eu tenho medo do porvir, mas acho que o diferencial está em lutar e não se deixar levar por todo esse turbilhão.
...

Anônimo disse...

As pesoas ainda "existem"; nós ainda amamos, porém a rapidez com que o universo se remodela , denuncia fortemente a forma violenta e irresponsável a que nos dizemos amar a vida.
Pensar hoje, é uma coisa do "depois eu vejo"; amar hoje, é buscar o prazer inconsequente até as vezes; sonhar sublimemente está ausente da consciente inconsciência, eis que os "diazepans" nos colocam em sono profundo e que resultam em quase sempre sonhos não lembrados...
A vida da nossa vida está correndo atraz do modelo televisivo, está buscando a ciência e a verdade na gloria do mistiscismo oriental, está tentando modificar a religião conservadora pela carismática; está buscando o bisturí para se tornar um "vogue";os diplomas estão cada vez mais especializados e nós humanos estamos tão racionais que esquecemos que as plantas e os animais também são vetores da nossa existência...são muitas coisas que nos violentam e que são violentadas por nós, Mas Creio Que Ainda Amamos Muito...e a prova disto são esses jovens maravilhosos que cantama própria poesia,e qu nos emocionam e fazem refletir sobre umfuturo trabalhado no Amor apenas.
Parabéns aos jovens artistas da Voz,da Poesia e da Música.
Nosso Carinho Sempre aos pensadores do Amor e da Arte!

Anônimo disse...

Falar em Amor, Poesia e Arte, são exatamente onde os nossos desejos se encontram com os prazeres.., e esses, coniventes com a carne, podem nos tornar passíveis aos prazeres da carne, e assim nos afastar da verdadeira vontade de ser de verdade.
Toda essa reflexão feito pelos guris do Voz, falam da sua própria poesia, que é o seu grande objetivo de trabalho.
Parabéns! Obrigado por seus valorosos pensamentos e...quantas observações..quantas emoções.

Anônimo disse...

Como problematizar e romper com as barbáries deste mundo?! É fato que nossos “mundinhos” se apresentam engessados, concretados, asfaltados... Aferrolhamos os olhos diante do outro, nos detemos no nosso "plexo" e o resto passou a ser resto mesmo (se pelo menos as "mazelas" se convertessem em estratégias de como amar mais, amar mesmo, amar verdadeiramente... ele, ela, os meus, os teus, os nossos, o TODO-amante). O outro passou a ser legitimado como lixo, excremento, imundície (mesmo em tempos em que a consciência e tudo mais pode ser reciclado). E isso se refere ao outro que é conhecido como bicho-gente, nem entramos no mérito da menos-valia em relação ao bicho-bicho, ao bicho-papão, ao habitat de ambos os três, e o que os constitui... Então, se olhamos para o outro com estranheza e não com respeito, em parte, se explica o "esquecimento global", mas não justifica a pasmaria, a burrice, o desvario. Romper, quebrar, arrotear e (re)construir, (re)configurar, (re) inventar, para isto resistência!!

 
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