sábado, 15 de setembro de 2007

O EVENTO NO LAGO





Em Boa Esperança, sul de Minas Gerais, existe um lago. E um tradicional festival de música. E nós participamos do festival, e conhecemos o lago, e isso aconteceu na semana passada.

Matemática não

O 37º Festival Nacional da Canção se desenrolou em 4 etapas: a) entrar numa seleção de 75 músicas entre mais de 2000 inscritas; b) participar de uma etapa nacional em uma das 5 cidades mineiras: Poços de Caldas, Formiga, Varginha, Alfenas e Boa Esperança; c) participar da semifinal em Boa Esperança e d) participar da grande final em Boa Esperança.

Vejamos: Cada cidade recebia 12 músicas “estrangeiras” para a etapa nacional; concorremos por São Paulo, mesmo com sotaque, pois valia o endereço da postagem. Com mais 3 escolhidas na noite anterior à etapa nacional daquela cidade, formavam as 15 da semi-semi-final; cada cidade mandando 3 formavam novamente o número de 15 para a semifinal de Boa Esperança, e, desses 15, 10 iam pra final.

Recapitulando, de + de 2000 pré-selecionavam 75, que foram divididos em 5 grupos de 15 – um por cidade; saíam 3 por cidade, sendo que cada cidade tinha antes da etapa nacional sua etapa local. Nas etapas de cada cidade, 3 das 15 locais eram promovidas para a fase nacional e então, tinham a possibilidade de ir para a semifinal, caso ficassem entre os 3 de 15 da fase nacional daquela cidade, que acontecia na noite seguinte. Ok, eu também não entendi de primeira. Mas foi tudo certinho, sô!

Não complica, tchê!

Nossa primeira tocata foi em Poços de Caldas, onde conquistamos o primeiro lugar. A música era Mira. Em segundo lugar, ficou a música Esperança, interpretada pela cantora mineira Márcia Tauil.

Atravessamos todas as etapas e chegamos até a final, obtendo o segundo lugar no festival. Em primeiro, foi a Márcia. Numa interpretação de arrepiar, diga-se de passagem. No final, conhecemos uma turma muito legal, com a qual ficamos conversando até altas horas sentados num XIS: Samuel, Eduardo, Simone e Leanderson.

Foi um prêmio importante para nós. Na tarde que precedeu a grande final, em Boa Esperança, aconteceu o Evento no Lago.

Nem falei de Jundiaí

Ao mesmo tempo, participamos de outro festival nacional no interior de São Paulo, Jundiaí. Foi muito bom, passamos pra grande final lá também, mas as datas coincidiam. Tivemos que optar e acabamos ficando em Boa Esperança, mas essa história contaremos depois.


O fio da meada

Descansando das quantas viagens que fizemos para chegar até a pacata cidade mineira, deixamos o hotel, comandado pela dona Zezé, para passear. Descobrimos um lago muito bonito e ameaçamos uma volta de pedalinho. Ao chegar no lago, tiramos uma foto, que ilustra essa carta. No fundo da imagem, o lago. Mais ali, uns caras tocando violão, uns bebuns com seus cães, e uns pedaços de melancia.

Sentamos numa sombra e conversávamos sobre os reflexos da luz na água, quando chegou um engraxate e abordou Gustavo, engraxá sapato aí tio. Gustavo reage indeciso – mais pra negativa - e o piá, indignado, engraxá sapato aí tio, pra ajudá, pô! Vinícius cata moedas. A voz forte do piá me fez pensar que tio era tchê como quando um gaudério chama atenção de outro, e com essa chave de estranheza aconteceu o famoso “quê ki eu tô fazendo aqui”, então percebemos que havia começado mais um evento.

Ficamos hipnotizados por uns instantes vendo o perfeccionismo do guri, que pingava suor da testa enquanto fazia o serviço, sério e compenetrado. O sapato do Gustavo, de passear no lago - que era o mesmo do show – estava bastante esgualepado e deu uma boa melhorada com a intervenção.

Os bebuns se espalharam na água e a rodinha de violão, que estava ao fundo, se dissipou por um momento. E como saía Isadora Ribeiro da água, na antiga abertura do fantástico
programa global, um dos mendigos emergiu lentamente olhando pra nós. Haviam guris tocando violão, mas 3 caras são os que participaram conosco do evento.

Um foi esse, que saiu da água. O outro que doravante chamarei “bebum”, visivelmente queimado do sol e embriagado, portava uma garrafa de canha. O último era o do óculos, dono do violão.

O que surgiu da água veio direto, mandou buscar o violão e “toca uma aí que eu te saquei de longe só pela unha”. Perceptivo, não? Não me neguei, peguei o tonante que o moço trouxe e mandamos ver nossa “Ao Encontro da Noite”. O do óculos e o bebum aprochegaram e começou.

A próxima música foi “Nada de mais”. Entre uma e outra, vinham os comentários, observações deles sobre as letras e aquelas profecias que só os “malucos da rua” sabem fazer com perfeição. O bebum tinha no pescoço um escapulário que dizia “anjo da guarda” e, quando falava de Deus, sempre tirava o chapéu. O olhar, lacrimejante e amarelado pela canha, era de cortar o coração. O que saiu da água era o mais malandro e gostava de heavy metal. Mas cantou junto com a gente Canção da América, umas do Beto Guedes e filosofamos sobre o que estava acontecendo com a humanidade, de uma forma simples mas muito instigante. Bem afinado esse cara que veio da água. E arranhava umas do Raul e do Zé Ramalho e tocou uma internacional, acho que era Nirvana.

“Vocês nos deram alegria aqui, e primeiro é Deus!(...)”


A gente fazendo altos vocaizinhos e caprichando nos acordes e eles não se acanhavam não... cantavam junto e tocavam trechinhos de músicas como “nô,uômâ no crai....” sem nos considerarem mais ou menos que eles. Cada um com seu timbre e expressão peculiar dava o seu recado. O bebum não cantava, e cada vez que um dos dois interrompia a música para comentar algo ele chiiii pedia silêncio e só baixava a guarda quando as frases completavam seu sentido. O de óculos não era de rua e não bebia, mas estava com eles como se fosse da turma (o negócio dele era a melancia e a parceria pra viola).

Esse do óculos... bem, no primeiro instante imaginei que tivesse algum problema, sei lá.. ele se embananava com as palavras, mas o que falava era de fundamento.. como se fosse uma TV mal sintonizada, passando um programa legal! Das muitas que ele disse, ficou essa: “.. Deus não quer que a gente fale, quer que a gente faça.. inclusive eu acho.. opa, já estou falando demais..”

O interessante desses caras que vivem na rua é que eles realmente não servem para nada no mundo governado pelo capitalismo: são lixo, escória, problema, perigo, vergonha, fedor. Seu destino é vagar até encontrar uma prisão, sanatório ou cemitério.. e, enquanto isso, seguem suas existências como pedaços de carne “sujando” a imagem falseada que temos de uma sociedade “democrática” que busca “justiça”, “igualdade” e “soluções para o mundo”.

Esses párias, esses sem nome da beira do lago, nos abençoaram com uma autoridade estranhíssima. Olhavam para o céu, removiam seus bonés, tocavam em nós e profetizavam muitas coisas. Oraram com grande fé por nós, emocionados, e nos emocionaram com suas palavras. No final, levaram nossos autógrafos. Algumas pessoas pararam, vi de canto umas tirando fotos. O evento durou mais ou menos o tempo de um show, 1h 20min mais ou menos.

Antes do fim nos dirigimos a um casal de jovens muito atentos que acabaram participando do final do evento do lago: Larissa e André. Foi muito legal conhecê-los ali naquele contexto. Eu não sei se na hora falei alguma bobagem, mas é certo que minha consciência estava ali em um estado totalmente diferente, como que mais ligada. Saímos dali como se diz, sorrindo de olhos arregalados.

Boa Esperança foi demais. Só faltou o pedalinho!

Ei você...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

GOLPE NO CORAÇÃO


Já estávamos em um clima de reflexão interior em nosso estúdio, ensaiando para o show de Garanhuns, muito sensibilizados com o terremoto que aconteceu ontem no Japão. Quando soubemos, praticamente em tempo real, do acidente do vôo JJ 3054 da TAM, ficamos chocados com a violência e com a fatalidade desse evento.

É muito difícil falar sobre o que sentimos. Agora há pouco, descobrimos que nosso amigo Richard, de Santa Maria, também estava no vôo.

Fica aqui registrado nosso sentimento por todas essas pessoas que, de forma tão súbita, perderam sua vida.

Deus ilumine a todos que se foram. E especialmente aos familiares e amigos desejamos muita força nesse momento.

Rodrigo, Vinicius e Gustavo

terça-feira, 17 de julho de 2007

TREMOR NO JAPÃO


Muitas catástrofes estão acontecendo no mundo. São de ordem geológica, psicológica, política, econômica, social, etc. Em todas as áreas, vivemos calamidades nesses tempos.

Os fatos estão falando por si mesmos. Os fabricantes de refrigerantes já possuem suas marcas de "água" levemente saborizadas para vender, uma vez que a água pura já é um produto exótico e difícil de se obter, especialmente em escala industrial.

Os eixos da terra estão se deslocando, os trópicos estão indo em direção aos pólos e vice versa. Essa mudança de eixos, nessa escala planetária, é incompreensível quando se ignora que o planeta faz parte de um sistema vivo, em movimento, composto por muitos astros e forças que desconhecemos.

O homem contemporâneo matou a mística, matou os deuses, mas acredita em si mesmo, colocou-se num altar e adora o ego, a personalidade. Quem só vê a si mesmo jamais poderia compreender esses fatos de dimensão interplanetária.

As culturas humanas nunca ignoraram os astros, nunca deixaram de perceber os sinais, por muito sutis que fossem, da natureza. Perder esse contato consigo mesmo transformou nossa geração numa humanidade fria, dormente, insensível, viciada. Nem com os estímulos mais grotescos (como um terremoto ou tsunami) se consegue perceber, hoje em dia, o que está acontecendo.

Passaremos por mudanças radicais na superfície do globo terrestre. Há que se compreender essa mudança, pois atingirá a todos nós. Não há tempo para se viver em ilusões, daí a necessidade de despertar para a vida, despertar a consciência para um mundo real, muito diferente dos contos de fadas que ocupam a capa das revistas.

É triste assistir ao noticiário da TV e ver que 60 segundos de reportagem foram destinados ao vazamento radioativo que aconteceu no mar do Japão, ontem. Uma matéria especial sobre as “sopas de inverno” ocupou pelo menos uns 3 minutos do horário nobre, em seguida. Que banalização é essa?

A televisão dormente segue conduzindo uma geração de dormentes, e nada causa estranheza, nada espanta a ninguém.

Mais e mais catástrofes atingirão diversos pontos da terra, especialmente as cidades costeiras. As águas do planeta estão poluídas, com detritos químicos e radioativos. Os ensaios nucleares realizados exaustivamente nos oceanos contaminaram todo nosso ecossistema. Nossos corpos e mentes já sofrem essas influências, ainda que não percebamos o quanto limitados estamos.

Logo o dinheiro perderá progressivamente seu valor, e as sociedades ficarão desorientadas pois estão hoje vivendo em função do dinheiro e de falsos referenciais.

Os "doutores" e "cientistas" não terão tempo de rotular todos os acontecimentos e doenças que surgirão, ficando sua ciência fria sem muita função, já que não pode mudar as realidades.

A ciência do homem não cria. O homem desconhece o fogo, o princípio ígneo que está em tudo que há vida. A força da natureza possui em si uma ciência, uma ciência viva, mas esta ciência opera misteriosamente através de mecanismos desconhecidos. Por mais intelectuais e investigativos que tenhamos nos tornado, o auto-fascínio nos impede de ver além. Diante disso tudo, os burocratas e líderes desse mundo também ficarão sem norte, sem saber o que fazer.

A nós cabe despertar a consciência, voltar à nossa origem, essência. Esse tempo que vem necessitará de seres humanos mais inteligentes, mais nobres, com muito mais amor e capacidade para enfrentar esse cenário terrível. Devemos ser mestres em harmonia, para fazer existir harmonia mesmo nos cenários mais desarmônicos e cruéis. Temos nosso verbo, nossas ações, nossa voz.

A nova terra vem. Será que estaremos lá?

Força amigos. “Quem disse que tudo está perdido? Eu venho oferecer meu coração.”

Reportagem BBC
http://www.bbc.co.uk/portuguese/pop_video/070716_video_terremoto_pop.shtml

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2007/07/070716_terremotosjapaofn.shtml

sábado, 14 de julho de 2007

APOIOS


Pessoal, desde que chegamos à SP, há um ano e meio atrás, enfrentamos muitas dificuldades, que foram muito úteis para nosso crescimento.


Mas também recebemos o apoio de muitas pessoas. Muitas mesmo, isso é impressionante!


Além das pessoas que nos ajudaram e ajudam, de diversas formas, existem 3 empresas que colaboram conosco. Esse texto aqui vem como uma forma de manifestar nosso agradecimento de forma pública a essas organizações.


A luthieria WGABRIEL foi a primeira empresa a investir no VOZ, aqui em SP. Hoje, nós tocamos com violões incríveis, feitos à mão pelo Gabriel e sua equipe de artesões. Tudo começou quando, num acidente terrível, a mão de um de nossos violões quebrou, poucos dias antes do nosso primeiro show aqui na capital paulista. Eles consertaram pra nós, e logo formamos uma amizade muito grande. É impressionante o trabalho dessa turma! Nós vamos postar mais depois sobre a construção dos nossos violões, num tópico especial.

A RUNNA, a empresa que fabrica nossos Cajones e Bombos, é conterrânea lá de Santa Maria. O trabalho deles é incrível... são instrumentos muito especiais, cheios de sentimento. Nós ficamos honrados de fazer parte da família Runna!

E a PLAYTECH, com toda a sua equipe que agradeço aqui no nome do Igor, acreditou também na gente. Um aperto de mão foi suficiente para mostrar a que viemos, e hoje temos a felicidade de contar com a consultoria técnica muito especializada dos caras. São mais que apenas vendedores; lá se nota o respeito e a atenção que vai além das relações meramente comerciais.

Nossa gratidão fica aqui manifestada não só pelas empresas, obviamente; mas por cada um que multiplica nossa força, participando, vibrando, ecoando conosco. O VOZ não tem um foco em si mesmo, nos três caras ali da ilustração. Nosso trabalho representa algo que não tem nome, que é uma busca constante e que pode ser sentida internamente por todos que estiverem na mesma trilha.

Obrigado, de coração!

www.wgabriel.com.br
www.runnadrums.com.br
www.playtech.com.br

sexta-feira, 13 de julho de 2007

ILHA GRANDE


O VOZ participou de mais um festival nacional de música, o XI Festival de Música e Ecologia de Ilha Grande. O concurso recebeu mais de 700 músicas e lá estava, entre as 30 selecionadas, "Mira".

Dessa vez fomos à final, ficamos entre os 12 selecionados. Concorrendo à melhor canção, levamos o prêmio de 3 lugar.

O nível estava bem alto, tanto das músicas como das performances. Esse cenário alternativo dos festivais revela um espaço artístico muito rico e pra nós está sendo como uma verdadeira escola.

Ilha Grande é um paraíso natural. O Vinícius nos mostrou alguns líquens rosados nas árvores, explicando que tal manifestação da natureza é um sinal de baixíssima poluição no ambiente.

O ar lá é diferente, puro. A paisagem é belíssima. Para chegar lá, é preciso ir de barco, que sai de Angra dos Reis e a viagem leva umas 2 horas. Na volta deu medo pois o barco estava cheio de gente e jogava muito com as ondas!

A rusticidade da ilha "achata" as diferentes classes sociais. Os "nativos" misturam-se aos turistas e ali se encontra uma verdadeira "torre de babel". Ficamos numa pousada chamada "Mata Virgem", super simples e fomos muito bem acolhidos. Na ilha não existem carros. Mais de 100 músicos carregaram seus equipamentos no "lombo" ou com a ajuda de carretos.


Ficar Ilhado foi muito legal! E claro que achamos um tempinho pra ir no mar, na praia do abraaão. O que tinha de bonito tinha de GELADO!!! hehehe


Um lugar tão bonito e harmônico como Ilha Grande causa um choque na consciência. Um paraíso vivo e real nessa terra nos fez meditar sobre harmonia, lógica, espaço, tempo. E nos fez constatar, pelo contraste, que indiscutivelmente o homem não sabe viver. Coisa braba tchê...

E tomamos uns sorvetes lá com o Victor. Essa gurizada aí da foto é massa... FORÇA!!!

sábado, 30 de junho de 2007

FESTIVAL EM RIBEIRÃO




TEATRO ARENA


Participamos de mais um festival nacional de música, no interior de SP. Foram mais de 600 músicas inscritas... E levamos até o Teatro Arena de Ribeirão Preto nossa "Mira".

A presença do Fabrício Pippi, nosso irmão de Santa Maria, marcou uma das concentrações mais fortes que já realizamos. Valeu a força, tchê!

O 1º FAM, organizado pela Eclética Produtora e pelo Dimi Zumquê, estava impecável. Quem apresentou o festival foi o impagável Sr. Wilson Danilo, um senhor muito carismático.

E NO FINAL... O QUÊ?

Dessa vez não levamos prêmio, nem sequer fomos à final; e essa foi uma experiência muito importante para nós, especialmente logo após uma vitória em Garanhuns. Foi possível trabalhar internamente, na prática, o defeito da auto-consideração (característica invariável dos egocêntricos), que percebemos em nós mesmos. Outra hora vou escrever mais sobre isso da auto-consideração...

Fora isso, foi paulada tocar na arena. A gurizada de Ribeirão chegou junto, foi emocionante... e conhecemos muita gente legal, e até um sósia do Vinícius!

ALÉM DE TRABALHAR COMO EMPACOTADEIRA NAS CASAS BAHIA

No final, o simpático Chico César, que fez o grande show de encerramento na arena de Ribeirão, chamou os participantes do festival pro palco e fizemos coro com ele na sua “Mama África”. Foi bonita a coisa.

Até que numa dessas o Chico abriu o microfone e cada um chamou uma cantiga de sua terra, num momento improvisado, cheio de espontaneidade. Então nós lembramos o gaudério Lupicínio Rodrigues, cantando com a mesma base de percussão do “mama áfrica” o “Felicidade foi-se embora...”. O Chico César mais que ligeiro atracou em contracanto o “Luar do Sertão” chamando pro desafio. Mas o homem puxou num tom muito alto, agudíssimo!!! Com a goela esganiçada, repuxando as veias do pescoço, mandamos ver. Foi legal!

(...)A minha casa fica lá de trás do mundo/
onde vou em um segundo/
quando começo a cantar...
(...)Não há ó gente o não/
luar como esse do sertão

Força gurizada... para crescer internamente, nossas chances estão em trabalhar nos detalhes!

Ah, o quarto bigodudo da foto é o Salgado, de Minas Gerais. Ele participou no festival também, mineiro talentoso “pur dimais da conta, sô”!



sábado, 2 de junho de 2007

RAIOS FULMINANTES!


Tivemos uma experiência indescritível em Garanhuns, apresentando “Mira” em um dos maiores festivais do Brasil, para um público de mais de 20.000 pessoas.

Foi legal descobrir lá, de forma prática, que estávamos no meio de feras. Grandes músicos, intérpretes, poetas, pessoas inteligentes, pessoas boas, gente exigente e detalhista. A organização do festival surpreendeu não só a nós, mas a todos os participantes.

O povo de Garanhuns compareceu. E sentimos o calor humano, não só nas duas apresentações que fizemos, mas em todos os contatos que tivemos com as pessoas lá. Existe no povo de Garanhuns uma sofisticada sensibilidade cultural combinada de forma surpreendente com uma simplicidade de coração.

Para além da competição, estávamos ligados, concentrados no momento presente, prestando nossa atenção em tudo o que ocorria. Garanhuns com uma mega-estrutura trouxe a nós o maior palco e o maior público que tivemos oportunidade de conhecer até então. Em nosso íntimo, não estávamos enfrentando os outros músicos, mas sim nossas debilidades. Lutamos para honrar nosso trabalho, e o que ele representa. Tivemos consciência dessa oportunidade e não fomos para perdê-la, essa foi nossa batalha.

Uma de nossas estratégias foi buscar ao máximo não nos identificarmos com a competição musical. O que isso quer dizer? Que não queríamos esquecer de nossa essência, do que nos levou até ali, do que nos levou a criar “Mira”.

Ainda recebemos, com alegria, um prêmio: "Melhor Arranjo".

Temos consciência de que o prêmio não é para nossos personagens, “Rodrigo”, “Gustavo” ou “Vinícius”, até porque a força de Mira está no grupo e isso inclui todos que estão de espada na mão junto conosco. Arranjo tem a ver com combinação, organização de forças, o prêmio foi por este trabalho. Em Garanhuns, sentimos uma multiplicação dessas forças. Foi muito bom poder contar com todos, e conseguir segurar as pontas.

Avante!

"São nossas palavras,
são de coração...
e é nosso desejo compreender essa canção"

sábado, 21 de abril de 2007

DE SANTA MARIA A GARANHUNS




Santa Maria, da boca do monte. Coração do Rio Grande, ponto de partida.


Destino: Agreste Pernambucano


Garanhuns é uma cidade serrana, em Pernambuco. Dizem que lá faz um frio muito agradável - E existe até uma comunidade no orkut: “amo o frio de garanhuns”. Também é chamada de “Cidade das Flores” ou “A Suíça Nordestina”. Terra de Quilombos, a história de Garanhuns está intimamente ligada à Zumbi e Quilombo dos Palmares.

Pelo que percebemos, a cidade é “arretada” no que diz respeito à cultura. E muito organizada!

“Mira” foi selecionada para o FESTIVAL DE ARTE E MÚSICA DE GARANHUNS, um dos mais importantes festivais de música brasileira contemporânea. Graças aos céus e a muitos amigos, conseguimos todas as condições para voar e levar até Pernambuco a nossa voz, o que para nós se configura numa vitória nos ares.

O festival acontece de 25 a 28 de abril; Aqui nesse link estão as músicas selecionadas. A presença de nomes importantes da música brasileira no evento, como Jair Rodrigues e Guilerme Arantes, já está confirmada.

Longe estamos do espírito de competição, mas vamos defender nosso som com toda a garra e a força que acumulamos em nossos corações nesse caminho que estamos trilhando. Aqui deixamos nosso agradecimento a todos que de alguma forma tem somado conosco!

De Santa Maria até Garanhuns, existe uma distância física considerável. Essa trilha física, montanhosa, com seus ventos e percalços, representa para nós um aspecto tridimensional de uma grande caminhada a que nos dedicamos nessa vida. Esse pequeno grande passo significa muito para nós, e é uma alegria imensurável carregar conosco a energia de tantas pessoas que nos tem acompanhado nessa jornada!




Raios fulminantes... sejam conosco!!!!!


Links:








sexta-feira, 6 de abril de 2007

ESQUECIMENTO GLOBAL


Sempre reservado aos místicos, fanáticos religiosos, cineastas de ficção, charlatões, etc., agora o assunto “fim do mundo” ganha novo público: a totalidade da população humana. Com uma nova tônica, respeitosa e científica, o aquecimento da terra e as tragédias climáticas tornaram-se assunto cotidiano nos telejornais, botecos e praças.

Evidente que o assunto ainda encontra resistência na mente de muitos, especialmente daqueles que estão mais interessados em sua própria esfera egóica de acontecimentos. Indivíduos assim são facilmente identificáveis... seus assuntos sempre giram em torno de si mesmos: seus planos, carreiras, amores, desgostos e mazelas, etc.
A Persona Egocêntrica, em primeiro lugar, não pode ver o todo; em segundo, não lhe interessa.
Nessa época estranha, os homens são medidos por certificados. Tudo nessa vida possui um certificado, desde as vacinas até as honrarias. No entanto, quando o calor insuportável vem, quando a tragédia chega, ninguém tem uma explicação, nem entendimento, nem nada que solucione.
Saltitam as teorias, pululam as discussões, ninguém sabe como se sair bem, todos sofrem. A verdade, tantas vezes tratada como relativa, salta aos olhos, nua, absoluta.
Destruimos nosso planeta devido a inconsciência e maldade desmedida; para a orgia final, só faltam algumas bombas atômicas. (senhores da guerra, não leiam esse blog, "pelamor")

Estamos prestes a receber o certificado de que nosso planeta está se esvaindo. Quando isso acontecer, não estranharei de ver alguns doutores muito importantes garantindo isso na tv.
Nessa hora, até os mais tontos poderão dar crédito aos sinais que há muito tempo se fazem notar. Se der tempo, pode até virar assunto de alguma novela. Imaginei a abertura, com aquela locução tradicional e bossanova no fundo: "A PO CA LI PSE - pra esquentar suas noites"... Mas o fim não será rápido, acredito. (digo do mundo, não da novela.)

A humanidade adormeceu suas faculdades, percepções, sentidos. Se embruteceu assustadoramente. A inteligência humana está sendo aplicada de forma inconsciente e idiotizada, e a sensação que fica é que ninguém se importa tanto assim.
Cada vez mais individualista e imediatista, percebo a sociedade ruir em falsos códigos, falsas morais, falsa ciência, falsa religião, tudo com um quê de estranheza, caduquices que não podemos compreender, nem deveríamos aceitar.
A pureza de coração soa idiota, a simplicidade e a verdade são raras, e tudo que enalteça o ego, a vitória sobre os outros, a satisfação imediata, vende bem e está certo.

Quem não destruir o egoísmo em si mesmo, quem não revolucionar sua própria consciência e abrir-se logo para esses assuntos, nem ao menos compreenderá o que está acontecendo. Espero que essa dor que vem, que já atinge a tantos, sirva para acordar, sirva para que coloquemos algum sentido nessa existência, para que recordemos a essência de tudo, recordemos de nós mesmos, da origem, do que temos que fazer.
Mudar é preciso, e isso só é possível intimamente. Mudemos dentro, que fora “vai se embora”.

Hoje é uma sexta feira santa, na cultura dos cristãos. Na tv assisti ovos ornamentados, “novidades” futebolísticas, crises políticas e tsunamis, e pensei em escrever sobre “bem além da estrela azul”, nossa primeira música que tocou na rádio, lá na terra onde nasce o sol. Mas em vez de abrir um editor de texto, abri um editor de imagens, para pensar...

Tenhamos força e consciência para passar por essa revolução que vem.
Um grande abraço e uma boa páscoa pra todos, com meditação, renovação do ânimo e até um chocolate! Rodrigo.

“...nunca
o egoísmo,
pai de toda dor
escureceu
tanto assim a nossa casa
mas a verdade é assim...
terrivelmente incrível...”

quinta-feira, 5 de abril de 2007

PODE ENTRAR, FAFÁ


Alguns amigos chegaram - e ainda chegam - até nós antes pelo visual, depois pelo som. Talvez seja pelo cabelo comprido, alguma remanescência celta, um jeitão essênio, o aspecto “metal”, as etecéteras... Cada vez que vamos juntos ao supermercado fica tipo "o Angra chegou" ou o "vocês são evangélicos?" escrito nos olhares... mas não comecei esse post para falar de nós...
Mpbistas, Metaleiros, "galera digeral", com vocês: Fafá de Belém.

Gigante, entrou a Fafá rodopiando e agitando como se fosse seu primeiro e último show. Um pequeno palco, na FNAC pinheiros, recebeu a energia dessa cantora que veio do norte e trilhou 32 anos de carreira marcando indiscutivelmente a música brasileira. A mulher estava enlouquecida, inspirada, emocionada. Nós ficamos faceiros, afinal quem vai a um show, quer se surpreender. O Vinícius nos disse: “ei, nós vamos ver a Fafá, né?” – ali estava decidido, claro que iríamos.

Ela estava comemorando e lançando seu primeiro DVD. Achei legal, ela já cantou pro Papa e não tinha um DVD. A gravadora EMI levou duas carretas de equipamentos do Rio para Belém do Pará, cento e poucos profissionais, e foi em seu próprio chão que Fafá fez e registrou sua festa.

Ainda não assisti o DVD, e confesso que não tenho muita afinidade com canções apaixonadas, mas claro que estava esperando no pocket show a belíssima "Coração do Agreste" de Moacyr Luz & Aldir Blank.. Não foi dessa vez.
"graças a Deus, faço parte de uma geração de cantoras que se emocionam"

Fafá de Belém entrou agitando, escandalizando, riu muito, chorou muito, enfim... fiquei impressionado com a inteligência dela, espontânea, verdadeira e rápida. Ela é forte mesmo, e nos deixou grandes lições. A experiência artística de conduzir a platéia, responder à platéia, respeitar o público. Ela se conhece... isso fica claro no palco. Cantou coisas tristes, tragédias e dramas amorosos, mas nunca perdeu o brilho no olhar... e rápido se recuperava, fazendo graça, sem se identificar com tais dramas... maturidade profissional. A intensidade, impressionante! O espaço nem comportava tamanha... três excelentes músicos estavam com ela (baixo, bateria e teclados) e, verdadeiramente, ela encheu o espaço ali. Foi, seguramente, o show mais enérgico que já assistimos aqui em Sampa, em um espaço que mais parecia uma sala de reuniões. O som, excelente. Mas ela poderia ter feito um “Pocket” de si mesmo. Que nada, a entrega foi total.

Tenho que agradecer a ela por ter nos recebido em altíssimo astral na base do “...barbaridade tchê!”, e felizmente pudemos agradecer lá, in loco. Estou certo de que aquela “pequena” apresentação nos ensinou muito e também a força que ela nos deu no final, não esqueceremos. Procuramos os três ficar muito atentos, a tudo, às reações internas que tivemos, às dinâmicas, ao ambiente . Não é fácil assistir a um show desses sem idolatria, estar ali livre, apenas observando tudo, todos, e fundamentalmente, a si mesmo.
"Meu Pai costumava dizer que Política, Futebol e Religião não se discute, eu sou uma pessoa de fé, herdei isso do meu Pai e da minha Mãe, acho que se tratando de Fé não existe intermediador entre você e Deus, então a minha relação com a fé é muito profunda, acredito que sem ela nada acontece, não é preciso ir a Igreja todo dia para isso, acho que é uma relação de sinceridade, de humildade e fundamentalmente muito particular." Fafá de Belém, entrevistada pelo portal "gente importante".

Vou encerrar deixando a letra de uma música belíssima que ela cantou acompanhada somente de piano. Cheguei a imaginar ela cantando nossa"anjos imortais", num devaneio ali... A música que me marcou se chama "pode entrar", eu não conhecia. Eu segurei minha onda, os guris eu não sei. Mas a platéia inteira, inclusive o baixista, que há 24 anos acompanha a artista de Belém, foi às lágrimas, tão intensa que fora sua interpretação. Tá bem, eu também chorei, mas foi bem pouquinho. :)


Pode Entrar Walter Queiroz

A casa escancarada, a lua ali
Meu cachorro nunca morde
Meu quintal tem saputi
Tem um roseiral crescendo lindo
Quem for louco ou for poeta
Pode entrar, seja benvindo

Aqui passa o bonde da lapinha
Passa a filha da rainha
Passa um disco voador
Às vezes ele gira, pára e pisca
Como quem quase se arrisca
A parar pra conversar

Mas não me sinto só,
tenho um vizinho
Que é um bêbado velhinho
Que acredita no destino
Ele mora em cima do arvoredo
Ele tem muitos brinquedos
Ele sempre foi menino

Agora se vocês me dão licença
Eu vou ver um passarinho
Que me chama no quintal
Depois eu vou deitar para sonhar
E dançar com a cigana
Que eu perdi no carnaval


Força Fafá, parabéns... valeu!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

STENCIL


uma radiografia, um desenho, um estilete. com isso cortamos a "forma", ou "stencil", para artesanalmente imprimir a marca do nosso show "Deus, Zeus e Eus". Na era da computação gráfica, da música digital, é legal combinarmos os novos processos com os antigos... alguns ruídos, presentes nas técnicas à mão livre, ajudam a resgatar valores, e humanizam...
mãos à obra...

terça-feira, 3 de abril de 2007

PRIMEIRO TESTE COM IMAGEM


Bom, pra testar a postagem de imagens, aqui vai a foto que gerou o cabeçalho do Caixa Preta. Claro, além dos "posers", a avenida paulista em horário de pico (tipo 18h), bem próximo ao nosso QG aqui em Sampa.

O SEGUNDO DIA

Segundo dia de Blog. Obviamente, ainda está parado. Estamos estudando o layout para torná-lo coerente e coeso com o design do site do voz. Enquanto isso, no oriente, a guerra continua. Ontem ouvimos na tv a notícia de mais um tsunami. As tragédias se empilham nos telejornais, e a notícia ruim corre e vende bem... em breve vai faltar água e o calor já está muito forte... precisamos usar com sabedoria o tempo que ainda temos...

segunda-feira, 2 de abril de 2007

CAIXA PRETA EM 2007

Após a tentativa de programar um blog "inteiramente no braço", decidimos testar um sistema de blog já estabelecido, com suporte. No VOZ temos esse espírito de contrução; e estávamos tentando evitar a ligação com publicidades que não dizem respeito ao nosso trabalho... Programar um blog não é tarefa muito simples, especialmente com os recursos que gostaríamos de usar. Estamos estudando pra descobrir como se faz isso, poder incluir imagens, comentários, etc. Mas essa versão do Caixa preta, alocada no "blogger", é um experimento. Vamos ver como funciona!

Um grande abraço meu e do vinícius e do gustavo.

FORÇA!!!

 
overflow-x:hidden;